Candeeiro Encantado
Lá no sertão, cabra macho não ajoelha
Nem faz parelha com quem é de traição
Puxa o facão, risca o chão, que sai centelha
Porque tem vez que só mesmo a lei do cão
É Lampa, é Lampa, é Lampa, é Lampião
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado
Enquanto a faca não sai toda vermelha
A cabroeira não dá sossego não
Revira bucho, estripa corno, corta orelha
Que nem já fez Virgulino, o Capitão
É Lampa, é Lampa, é Lampa, é Lampião
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado
Já foi-se o tempo do fuzil papo amarelo
Pra se bater com poder lá do sertão
Mas lampião disse que contra o flagelo
Tem que lutar com parabelo na mão
E é Lampa, é Lampa, é Lampa, é Lampião
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado
Aí eu fui na fazenda do coiteiro que traiu Virgulino
E cortei umas cabeça a facão
Depois meti tudo num saco
E mandei de presente pro delegado
Com um bilhete escrito assim
Quero o meu troco
Pra mostrar pra eles
Que eu 'tava na guerra pra limpar Lampião
Mas o cabroeira deu pra trás
E eu fiquei sozinho
Falta o cristão aprender com São Francisco
Falta tratar o nordeste como o sul
Falta outra vez Lampião, Trovão, Corisco
Falta feijão invés de mandacaru, falei
Falta a nação acender seu candeeiro
Faltam chegar mais Gonzagas lá de Exú
Falta o Brasil de Jackson do Pandeiro
Maculêlê, Carimbó, Maracatu
É Lampa, é Lampa, é Lampa, é Lampião
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado