​esventrada, pt.2

Carolina Viana

[Letra de "esventrada pt2"]

[Verso 1]
Carregava a culpa de ser tripa arrancada
De ser lágrima soada
Quando a minha mãe me fez
Quando me perdeu de vez
Essa culpa foi inventada
Para mascarar porquês
Para fingir que há justiça
Para poder ficar sentada
Para sucumbir à preguiça
Premissa errada
Dei-me para não pensar
Dei-me para dar também
Mas o meu corpo ainda não queria
Agora não sabe viver sem
E a minha alma não podia
Entregar-se daquela maneira
Fazer-te sentir inteira
Fui sugada, fui esventrada
Não imaginava o que me esperava quando vimos luz naquela entrada
A vida é mesmo assim, seguimos sempre sem acreditar no fim
Lembro-me de falar disso, à porta, no meio da estrada
Curioso como as entradas são símbolo da nossa história
Deixar-te entrar toda foi pra ti uma…

[Bridge]
Que se fodam as rimas, se fizer mais uma, que ninguém me leve a sério, que eu sou incongruente e não sigo nenhum critério

[Verso 2]
Manhãs despreocupadas
A vermo-nos na essência
Ruínas amparadas
Invejadas, pela aparência
Afinal somos só mais umas
Não soubemos ser melhor
Acho que não acredito em nada do que digo
Rastejo, esperneio
Penso, repenso: “Não faças que é feio, escreve por extenso”
Fui esventrada por engano
Tudo agora me é humano
Não reconheço o culpado
A culpa é o pecado
Não quero dizer-te onde moro
O sítio onde agora choro
Se o meu ventre renasceu
O resto não te esqueceu

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