​esventrada, pt.1

Carolina Viana

[Letra de "esventrada pt1"]

[Verso]
O ar pesado que cai sobre mim
Assenta-me bem, fica-me bem
Deixa-me o rosto afilado
As maçãs do mesmo ficam levemente realçadas
E o fosso abre-se, também, entre os dois maxilares
Em ambos os lados
O ar pesado que cai sobre mim deve cair, também, sobre a cidade Cidade enquanto conjunto de pessoas
Que habitam um determinado espaço
Enquanto ambiente, cai com certeza, eu caio com ele
As certezas desintegram-se na queda e o voo, a pique
Torna-se cada vez mais turbulento
Passa a ser inevitável usar palavras como cinzento, nublado Pesado, a qual serviu de mote, tristonho, confuso, perdido
E se eu não estiver no fim daquela viagem?
E se eu não estiver no cimo daquela montanha?
E se eu nunca estiver?
A última pergunta traz a resposta
Eu estou, estou toda aqui e agora
E se não for mais nada, já me bastei

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