Agonia
[Verso 1: PapaMike]
Eu tava ali tentando te ouvir, mas tu só me olhava
Com o olhar me dizia, sem precisar palavras
Mas eu não conseguia decifrar, mas hoje em dia
Sei tudo o que sofria, se sentia encarcerada
Era uma agonia, casa escura fechada
Quanto você temia, minha mente surtada
E quando me olhava, no fundo, sei que chamava
Pelo nome, tu amava, sei que era o Marcone
Não esse homem bruto, no corpo, só tatuagens
Sempre puto com qualquer bobagem
Tudo é insulto, sempre vinga as miragens
Enquanto compra passagеns, sente medo da viagеm
Se ele descobre, pode ser que cobre até o pobre motorista
Se entrar na frente, vai ser mais um na lista
Sei que pensava e arquitetava a fuga sem notícia
Vai pedir ajuda pra quem se eu era da Polícia?
Quantas vezes ligava, o Copom não atendia
Minha história era macabra, todo mundo conhecia
Quando o Gigante surtava, nada o segurava
Vou forjar uma cilada, dizer que fui pra Bahia
No endereço não estava, minha voz enfraquecia
De tanto que chamava seu nome e da minha filha
Aqui já conheciam minha história, olhares se apavoram
Quem me via corria, sumia, ia embora
[Verso 2: PapaMike & Tenente de Polícia]
Pego a carta amassada no meu bolso todo dia
Eu lia, aqui falava que estavam na Bahia
Percorri a periferia, tive que quebrar uns braços
Mas ninguém sabia onde estavam os seus passos
Vi uma viatura, me identifiquei pro Tenente
Sou PM em MG, sargento na patente
O senhor deve conhecer os parentes da minha mulher
Mostro as fotos da tia, o endereço e tenho fé
O Tenente competente puxa o prontuário
Da parente, consta que teve um obituário
— Há anos ela tá morta, tive que confirmar
Era a dona desse endereço que tu veio perguntar
O resto do pessoal foi tentar a vida internacional
Mas todo ano eles voltam pra Bahia, no Natal
Mostrei a foto da minha esposa e da minha filha
Ele dizia que podia ser que as reconhecia (É, pode ser)
Tinha tempo e minha filha já é adolescente (Ãh)
Minha esposa é essa linda morena sorridente (Entendi)
O Tenente me advertiu: "— Sangue aqui não respingue
Conheço sua história, eu sei que tu é o King"
— Fica tranquilo, comando, eu vim de avião
Só trouxe as registradas, a quarenta e um oitão
Aqui não quero confusão, mas qualquer coisa me chame
Vou ficar até o Natal de tatame em tatame
[Verso 3: PapaMike & Nerd]
— Alô, fala comigo! — Ô, King, onde cê tá?
Parece que foi fazer exames de próstata (— Vai se fuder, Nerd!)
— E o doutor te possuiu, por isso tu sumiu
— Ô, Nerd, vai se ferrar, vá pra puta que o pariu!
— Sei que tu conseguiu ir pra Bahia?
— Como sabe? — Vi o jornal regional hoje, meio-dia (— Ãh?)
— Dizia que alguém estaria a atacar bocas de fumo
E sumia na neblina e ninguém via o rumo
— Foda-se! — Se eu tô sabendo, a máfia também tá (— Foda-se!)
— E devem sair correndo na intenção de te matar
Mandei um fake news na deep web pra tentar enganar
Tu no show do Leo Santana rebolando de abadá
— Ô, Nerd, vá se ferrar! — Sabe rebolar, negão?
No Axé Moi, ah, tu tá curtindo a pegação
Cara, tem que voltar, se descobrem sua família?
O seu já tá na reta, não jogue o da sua filha
[Saída: PapaMike & Nerd]
— Ô, Nerd, na moral, vou falar de novo, zé
Vai se ferrar, porra! — Não apela não, King
— Não me estressa não, ô, seu desgraçado!
Eu vou voltar, mas vai ser pra te quebrar na porrada
Ô, seu frango do caralho, arrombado!