Retrato do Poeta

Porém se por alguém não sou ninguém
Se canto e digo, flor, canção, amigo
A mim o devo a mim e a mais a quem
Floriu nasceu cresceu, lutou consigo

Homem que vive só não vive bem
Morto que morre só é negativo
Morrer é separar-se de ninguém
E contudo com todos ficar vivo

Nado-vivo da morte é isso é isso
Uma espécie de forno de bigorna
De corpo imorredoiro que transforma
Em fusão o metal do compromisso
Forjar o conteúdo pela forma
Marrar até morrer e dar por isso

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