Remoendo Solidão
Vi um casal de marrecos
Fazer a volta no ar
Para descer na lagoa
No fundo do meu quintá
E bateu um sentimento
Por ver esse lindo par
O tempo do nosso amor
Comecei a recordar
Esse amor era tão lindo
Que dava inveja de olhar
Hoje aqui no sertão
Remoendo solidão
Só tristeza e paixão
Costumam me acompanhar
Um homem muito sozinho
Pode até ficar demente
E se for apaixonado
No sertão principalmente
Tudo que passou na vida
Corre pela sua mente
Igual um filme que passa
No seu subconsciente
No meu caso é saudade
De alguém que vive ausente
Quando dorme a natureza
Eu padeço sem defesa
Mas, tendo a grata certeza
Que o sol brilha novamente
O canto do curiando
Numa baixada pertinho
Recoa dentro da noite
E me lembra que eu tô sozinho
Lança o seu piado triste
No muro tá o meu vizinho
O seu canto lamentoso
Me fere iguala a um espinho
É a dor da solidão
É a falta de carinho
Vou morrer só de saudade
Não mereço essa maldade
Por uma futilidade
Ela deixou nosso ninho
No romper da madrugada
Minha mágoa miora
Passarada do baixinho
Faz alvorada lá fora
Sua algazarra inocente
Me acalanta nessa hora
Por instantes me esqueço
Da ingrata que foi embora