Bolero do Coronel Sensível Que Fez Amor em Monsanto

Antonio Lobo Antunes

Eu que em comovo
Por tudo e por nada
Deixei-te parada
Na berma da estrada
Usei o teu corpo
Paguei o teu preço
Esqueci o teu nome
Limpei-me com o lenço
Olhei-te a cintura
De pé no alcatrão
Levantei-te as saias
Deitei-te no banco
Num bosque de faias
De mala na mão
Nem sequer falaste
Nem sequer beijaste
Nem sequer gemeste
Mordeste, abraçaste
Quinhentos escudos
Foi o que disseste
Tinhas quinze anos
Dezasseis, dezassete
Cheiravas a mato
À sopa dos pobres
A infância sem quarto
A suor a chiclete
Saiste do carro
Alisando a blusa
Espiei da janela
Rosto de aguarela
Coxa em semifusa
Soltei o travão
Voltei para casa
De chaves na mão
Sobrancelha em asa
Disse: fiz serão
Ao filho e à mulher
Repeti a fruta
Acabei a ceia
Larguei o talher
Estendi-me na cama
De ouvido à escuta
E perna cruzada
Que de olhos em chama
Só tinha na ideia
Teu corpo parado
Na berma da estrada
Eu que me comovo
Por tudo e por nada

Curiosidades sobre la música Bolero do Coronel Sensível Que Fez Amor em Monsanto del Vitorino

¿En qué álbumes fue lanzada la canción “Bolero do Coronel Sensível Que Fez Amor em Monsanto” por Vitorino?
Vitorino lanzó la canción en los álbumes “Eu que me comovo por tudo e por nada” en 1992 y “As Mais Bonitas” en 1993.
¿Quién compuso la canción “Bolero do Coronel Sensível Que Fez Amor em Monsanto” de Vitorino?
La canción “Bolero do Coronel Sensível Que Fez Amor em Monsanto” de Vitorino fue compuesta por Antonio Lobo Antunes.

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