Roque das antigas
Roque das antigas
(Vinicius Castro)
Adão, toma cuidado com a tua costela
Que é tudo que ela quer de você
Aquiles, vá calçar um bom sapato depressa
Que o teu calcanhar não pode aparecer
Sansão, eu vou te dar um conselho
Esconde o cabelo ao anoitecer
Sansão, eu disse: fica esperto!
Com um olho aberto ao adormecer
Midas de que serve esse grande tesouro
Se tudo que é ouro não da pra comer?
Ícaro, esquece essa coisa de asa
Que Santos Dumont ainda ta pra nascer
Ulisses, vê se tapa essa orelha
Que essa sereia insiste em cantar
Ulisses, vê se acerta esse mapa
Pra voltar pra casa e pra descansar
Você que já andou pelo céu e pelo inferno
Me diz como era antes de saber
Dessas verdades do eterno
Você que já andou pelo inferno e pelo céu
Dante, me diz como era antes
De botar essas verdades no papel
Nero, vê se para com essa tua mania
Senão algum dia alguém vai se queimar
Narciso, dá um tempo, vê se larga esse espelho
E é esse o conselho que eu posso te dar
Édipo, não faça besteira!
Que dessa maneira não vai enxergar
Édipo, não digo mais nada
Que essa furada é familiar