Festa de Junho
Eu moro lá no sertão
Naquelas mata soturna
Encostado numa ilha
Bem de fronte tem uma furna
Onde canta o sabiá
Eu vejo o requitar da inhuma
Meu coração fica roxo
Que nem o cerne da gaviúna
Saudade do meu benzinho
Cada vez mais me importuna
O homem nasce no mundo
Pra sofrer tanto amargume
Quando vai escurecendo
Que o Sol já perde o seu lume
Saio dar os meus passeios
Sou que nem um vagalume
Este meu viver no mundo
Muita gente tem ciúme
Mas com isto eu não me importo
Sempre foi o meu costume
Alembro e tenho saudade
Daquelas festas de junho
Que eu cantei pro meu benzinho
Com esta viola no punho
Esse nosso querer bem
Não tem falsidade arguma
Ela foi me arrespondeu
Não tem contrariação nenhuma
Vóis me ame com firmeza
E não acredita em calúnia
Por eu ser adivertido
Que a sorte pra mim não é ruim
Ai quando eu entro num salão
Ai pra cantar eu sou toruna
Afino bem minha viola
Eu sei que meu peito zune
Pra cantar com os campeonato
Este cargo nóis assume
Tirá teima de violeiro
Isto nóis tem por costume