Outubro

Neto Alves

Nem eu mesmo sei como cheguei até aqui
Nem mesmo os rastros dos meus passos puderam me seguir
E eu não consigo mais lembrar
Do ponto exato, do acaso, daquele lugar


Em todas as vezes que eu me perdi
Todas as rotas mal traçadas
Partidas sem chegadas
Enfim


Não desisti, eu não me submeto a nada além do meu desejo
Nada além de mim


Os ventos não vão parar de soprar
Mas restam espaços entre os abraços
A sombra do cansaço
O medo de voltar


E é sempre mais fácil desistir e jogar pro ar
Mas o sangue que ferve segue a fluir
E nada pode me parar


A verdade é o caminho que permeia as ilusões
As vozes ecoam inertes, inférteis perdem-se aos refrões
De certo que seguem em horas ao sabor do tempo
Do falso momento, do incerto que ficou pra trás
Toda busca é um mundo em seu infinito
Toda força que não te destrói te faz melhorar
Toda escolha renuncia um escolhido
Tudo à deriva chega em algum lugar
A vida talvez seja sorte, talvez a morte te faça pensar
Que os incautos tempos idos
Nenhum deles voltará


Não desisti, eu não me submeto a nada além do meu desejo
Nada além de mim

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