Eu sou a multidão
Faz frio na cidade
Em pleno verão
O sol, sem vontade
Cai na construção
Noite em claridade
Eu e a solidão
Preso em liberdade
E os dias na escuridão
Com a alma deserta
Busco a multidão
Meu quarto me aperta
Tal a imensidão
E a cidade alerta
Nem presta atenção
Me atrai, me flerta
E me deixa na contra-mão
Sou só mais um ser comum
Sou só eu e Deus
Sou eu? Quem sou eu?
Ninguém que só quer ser alguém
Sou todo mundo
No fundo eu sou a multidão
Sou só densidade
Da cidade sem cidadão.