Asas

Cilmara Bedaque / Vange Leonel

essas asas que eu vejo em mim
só podem ser impressão
desejo de ser ruim
e entregar meu coração

como um anjo ameaçado
expulso de seu paraíso
invado seu reinado
sem ter motivo pra isso

essas asas que eu vejo em mim
são como enfeites de natal
prontas pra confundir
o que é o bem e o mal

como um anjo torturado
exposto em um altar
esqueço o meu passado
te desafio com um olhar

essas asas que eu vejo em mim
têm fome do que pode ser
e avançam para o futuro
fazendo o desejo acontecer

como um anjo embriagado
cansado de mais uma vez
movo as peças sem cuidado
um tabuleiro de xadrez

essas asas que eu vejo em mim
águia devorando o leão
transformam o céu em abismo
e em sonho um pedaço de chão

como um anjo demitido
espero o tempo passar
e perambulo esquecido
sem ordens de Deus pra levar

essas asas que eu vejo em mim
escondem o que não deu certo
o universo girando
e um buraco negro aberto...

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