Casos Noturnos
A carne apodrece quando a noite vem
Da fumaça a levar um olhar
Além da vida e do passado
Morto, enterrado na cama suja
Vou rasgar os lençóis e queimar
Minhas roupas
Tão manchadas pelo carvão dos meus ossos
Eu sou a luz
Que se apaga no fim da madrugada.
Quero ser a pobre criatura que amarás um dia
Tendo a lama da rua como espelho
Serás narciso, sem nunca ter tido
Os olhos vermelhos
Do eterno sono, do abandono
Dos sonhos meus.
O hálito do teu cigarro não me merece,
Mas eu gosto.
Eu gozo nas cinzas da tua saliva.
Eu jorro da fonte da tua carne viva.
Da tua carne viva
Qua a vida se repita
Que a vida se repita
Qua a vida se repita
Que a vida se repita
Chegas sempre pra mim ao parir do sol
Pra desatar os nós,
Pra me mostrar o que é o amor.
Pra me inundar com o teu amor
Pra dividir amor e dor
Amor e dor.