Carta a Maceió
Mãe
To aqui no Rio de Janeiro
Mãe
To na Guanabara
Não sou mais pau-de-arara
Mãe
Diz pro mano Juca
Que o Rio é uma coisa maluca
Todo mundo está com a nota
Ninguém ta com a cara
Acontece que mesmo com dinheiro
Lá na venda não tem o que comprar
Eu entrei numa fila quinta-feira
No domingo de tarde ainda tava lá
Pra comprar um quilinho de feijão
Minha mãe eu confesso é um horror
Tem que dar 30 conto de entrada
Tem que ser reservista e ter fiador
Eu queria voltar pra Maceió
Mas eu fico no Rio que é melhor
Arrumei uma vaga no Leblon
Com direito a café pela manhã
Acontece que o dono fala fino
E já anda espalhando
Que é meu fã
De manhã ele mesmo traz o lanche
o danado não tem nem cerimônia
É café, macaxeira e cuscuz
Sanduíches, bolinhos e pamonha
Eu queria voltar pra Maceió
Mas eu fico no Rio que é melhor