Diálogo e Repente

Obrigado meus amigos
Muito obrigado

Teixeirinha, você me dá licença?

Ah, pois não

Obrigada Teixeirinha
É que eu queria agradecer um presente

Ah, ganhou um presente?

Ganhei, ganhei uma cabrita

Mas cabrita não é presente

Como que não é presente?
Estou faceiríssima

Ah, isto não é presente
Quando você souber o presente hoje aqui
Você vai ficar com ciúmes

Por que vou ficar com ciúmes?
Não acredito que o seu presente vai ser de mais valor do que a minha cabrita
Mas enfim, o que é que você ganhou
Teixeirinha?

Eu, eu eu ganhei um bode

Ah, ganhou um bode não é?

Ganhei
Risos

Pois o seu bode não tem mais valor do que a minha cabrita
E eu faço o jogo com você e a plateia será testemunha
Como a minha cabritinha tem muito mais valor

Mas por que que você acha que sua cabrita tem mais valor que meu bode?

Mas tu não tá vendo que a minha cabritinha tem muito mais qualidade?

Mas aonde é que você já viu, menina
A cabrita ter mais qualidade que o bode?
Não vê que o bode é muito mais homem quer dizer
Mais homem, mais homem
Mais, mais peitudo, pra frente, não é?

Pois é, então aceita a minha proposta
Jogo a sanfona contra o seu violão
Que o que eu faço com a minha cabrita
Você não faz com seu bode

Que isto, hein?
Nesta fria eu não entro não
Agora tem uma coisa
Se você disser aqui na frente do povo o que você faz com a cabrita
Eu topo a parada

Claro que eu vou dizer tudo que eu faço com a minha cabrita

Bem, é sanfona contra o violão?

É

E a plateia é testemunha?

Claro que é
E aperta o cinto

Larga os dez
Pode começar

Bem, eu posso começar não é

Pode começar

Eu dou banho na minha cabrita

Oh, quer dizer que eu vou ter que lavar o bode?
Ah, esta não, para aí

Claro, se não você perde o violão

Puxa vida, entrei numa fria mesmo
Bem, eu, eu, risos
Eu, eu também dou banho no meu bode

Eu durmo com a minha cabrita

É, que negócio é esse?
Eu não durmo com bode nenhum

Não dorme?

É, é, durmo
Perco o violão?

Perde o violão

Durmo

Tu perde o violão hein?

Perco o violão?
Ah, então eu não durmo
Durmo
Risos
Não durmo

O quê?

Durmo

Dorme né?

Teixeirinha fala
Não durmo

O quê?
Teixeirinha fala
Durmo
Mas a cabrita dorme no seu bracinho, assim, abraçadinha com você?

Dorme

Teixeirinha fala
Ah, que vontade de eu ser essa cabrita meu Deus do céu
E, risos

Eu pisco os olhos pra minha cabrita

Teixeirinha fala
Ah, mas para aí, que negócio é esse de piscar os olhos pra cabrita?
Vou namorar o bode, é?
Ah não, aí não vai dar não
É, mas todos causos eu também pisco os olhos pra cabra
Pro bode, risos

Sem demora eu ganho o violão dele, risos

Esta nunca
Mais do que dormir com o bode, que piscar os olhos, dar banho
Você não vai dizer coisa pior do que esta
E por esta eu já passei

Ah, já passou não é?

Risos

Então vamos ver
Eu mamo na minha cabrita

Pode levar o violão porque esta eu não faço de jeito nenhum
Bem, meus amigos, risos
Vocês estão tudo gozando né?
Tá certo, pode gozar
Entrei numa fria agora
A Mary Terezinha procurou e me apertou mesmo
Bem, meus amigos
Eu agora tive uma ideia
Já que a chantecler está gravando este show
E vai lançar o mesmo num long play a venda em todo Brasil
Eu vou agora fazer uns improvisos para as pessoas que vão comprar o meu disco do show
Cantarei uns versos
E começando pelo senhor dono da casa
E a turma da chantecler também tá gozando aqui
O regional tá todo aqui, me acompanhando, né
Também tão gozando com o negócio da cabrita aí, mas tá tudo bom
Bem, então, como eu já disse para vocês
E, eu vou cantar os versos começando pelo senhor dono da casa
E depois para a senhora dona da casa
E também para os filhos, até para a empregada

Meu senhor dono da casa
Que me comprou a gravação
Primeiro eu lhe agradeço
De todo o meu coração
Mas vou brincar com o senhor
Pois sou muito brincalhão
O senhor sai muito só
Deixa de ser gavião

Que que estes homem casado são gavião uma barbaridade

Deixa a esposa sozinha
E sai pela escuridão
Parece um caçador
Com a espingarda na mão
Quando passa uma menina
Fiu, fiu
O resto não digo não
Só volta de madrugada
A esposa da uma explosão
Por que vê no colarinho
Do batom o vermelhão
Tomara que ela lhe bata
Com um rolo de macarrão

Em como dói um rolo de macarrão na cabeça

Agora pra arrematar
Estes versos pro senhor
Desculpe minhas brincadeiras do gaúcho trovador
Vou pedir a Deus do céu
Nosso mestre salvador
Traga sempre em sua casa
Saúde, paz e amor

Agora para a senhora dona da casa

Senhora dona da casa
Quero ser bem compreendido
Ande sempre bem pintosa
Ponha os mais lindos vestidos
Seja uma esposa adorada
Está tudo resolvido
Só não deixa as suas comadres
Beliscar o seu marido

É que a comadres gosta de beliscar o marido das outras, cuidado

Pra agradar seu marido
Faça uns pratos bem gostosos
Uma briguinha de leve
Ele já fica nervoso
Faça um biro biro nele
Que ele fica carinhoso
Quando ele ir pro trabalho
Deixa que vá bem pintoso
Não ponha empregada nova
Porque é muito perigoso
Já na primeira semana
Entra de sócia no esposo

E é um perigo mesmo essas empregadas bonitas, risos

Pra encerrar estes versos
Minha ideia não destrilha
Senhora dona da casa
É santa que muito brilha
É protegida por Deus
Isto é uma maravilha
Saúde, paz e amor
Pra senhora e sua família

E agora para as crianças

Minhas queridas crianças
Que agora estão me escutando
Vão indo bem de estudo
Caprichem, vão estudando
Vão todos pra cama cedo
E cedo vão levantando
Só não faz pipi na cama
Que a mamãe tá espiando

Olha que a mamãe tá te espiando malvadinho, hein

Tire sempre nota alta
Seja obediente na escola
Não quero vocês na rua
Correndo atrás de uma bola
Sendo uma criança boa
O seu papai se consola
Deixa ir no matinê
Ver o moço de cartola
Também pode ir no meu show
Pra me ver tocar viola
Mas de noite por favor
Não encharque a camisola

Não encharque a camisola porque o bicho papão anda por aí

Vou arrematar este verso
Já cantei pras criancinhas
Seja obediente ao papai
E também a mamãezinha
O anjo da guarda protege
O garoto e a garotinha
Receba um beijo da Mary
E outro do Teixeirinha

E agora vamos mexer com as empregadas

Agora pra empregada
Que preste bem atenção
Pra ouvir o Teixeirinha
Não deixe queimar o feijão
Não venha cavar a sala
Não incomode o patrão
Sai pela porta do fundo
Que eu te espero no portão

Eu já tô de olho grande te marcando

Eu já disse a minha esposa
Que é a dona zoraida
Pra escolher secretária
Ela é uma parada
Eu quero empregada nova
Ela fica enciumada
Diz que ela é quem escolhe
A minha esposa é danada
Durante o ano ela bota
Oito ou nove empregadas
Umas velhas rabugentas
Que não serve pra mais nada

Eita, veias danadas

Empregadinha doméstica
Desta terra brasileira
Nossa senhora do céu
Seja a sua padroeira
Que te de muita saúde
E ajude a vida inteira
Que sempre me queira bem
E desculpe as brincadeiras

E agora me despeço
Gostei muito da torcida
Eu aqui entrei cantando
Mas vou chorar na saída
Esta é a triste hora
Mais triste da minha vida
Porque tenho que deixar
Esta plateia querida
Último verso que eu faço
Aceite o meu forte abraço
Meu adeus por despedida

E aqui chegamos ao final deste grandioso show que apresentou Teixeirinha
O gaúcho coração do rio grande e sua acordeonista Mary Terezinha
Muito obrigado a vocês todos por esta carinhosa acolhida
Senhoras e senhores, muito boa noite!

Curiosidades sobre la música Diálogo e Repente del Teixeirinha

¿Cuándo fue lanzada la canción “Diálogo e Repente” por Teixeirinha?
La canción Diálogo e Repente fue lanzada en 1964, en el álbum “Teixeirinha Show”.

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