Amoras Na Beira do Rio
Mergulho nesse seu calor
Bebendo você me abraçou
Girou pelo meu corpo
Cantou a noite inteira
Dançou fábulas celtas
Subiu como uma estrela
E sorriu
Voltou pela sombra
Com lírios nas mãos
Não acredita em ressurreição
Bota fé nos astros
Não perde a mão e nem vai fugir
Sabe que o céu está
Pra cair
Naquela tarde você pirou
Fugiu de casa e se internou
Folhas de relva nas mãos
Sua alma não era você
Nem eu
Então decidi me internar
Com você
Do tempo que eu parei de beber
Fiquei limpo por mais de um mês
Na noite que recai
Finalmente eu te conheci
Você me levou pra sua rua
Me contou sua vida
As vidas passadas
As que estão por vir
Colhendo amoras na beira do rio
Esperando os lambaris
Você sangrando no Sol
Catando conchas na areia
Deitados na corredeira
Fiz amor com as visões
Desafiei bandeiras
Desabei cidades
Desvirtuei costumes
Incorporei os índios
Destilei o amor
Desfiz essências
Levantei as matas
Enterrei meus pais
Enterrei os filhos
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