Chuva
Nando Freitas
Vou deitar na grama
E esperar a chuva
Nessa madrugada
Vou rolar na cama
E sentindo a chuva
Me sentir calada
Vou tocar meu rosto
Espalhando a chuva
Pelo meu cabelo
Vou sentir o gosto
Das gotas de chuva
Gosto do que é belo
E entrego o meu toque mais frio
E entrego meu cheiro de cio
E entrego a surpresa
De ser quando eu quiser
E entrego pra chuva
Meu dom de ser mulher
Vou sair à caça
Debaixo da chuva
Quase indiferente
Vou rir da desgraça
De ver que a chuva
Me fez transparente
Vou dar gargalhadas
Bêbada de chuva
Rodando, rodando
Vou voltar molhada
Suada de chuva
E ninguém me esperando
Me entreguei ao toque seu
Me entreguei ao cheiro seu
E enxugo a chuva em mim
Viúva que me fez tão bem
E volto a ser a mulher de ninguém
Vou deixar a chuva me le
Vou deixar a chuva me levar