CADASTRO
Aos 6 anos cometi o meu primeiro crime
Ceguei um puto e depois ri-me
Aos 7 anos imitava o meu primo
Ameaçava com correio anónimo
Aos 8 já tinha uma caçadeira
Matei o Meira porque tinha pieira
Não havia outra maneira
Porque este beat não se compra na feira
Tinha 9 anos e ja estava enjaulado
Não queriam deixar os filhos
Perto de um puto azarado
Que nunca se sentiu amado
Eu já não tenho paciência
Nunca tive noção da violência
Depois tornou-se numa demência
Quando sai aos 12 nem uma casa tinha
Trabalhava 12 na apanha da pinha
Ao fim da semana recebia outros 12
A vender poemas à tua filha
E matei mais 12 homens em mais 12 anos
Percebi que já não tinha os meus manos
24 anos e ainda não percebo de engenhos
Vou fazer os meus próprios desenhos
Agora trabalhava como mineiro
Guardava o meu dinheiro
Dentro de um pinheiro
Quero investir tenho de poupar primeiro
Com a picareta do trabalho
Fazia o mesmo que se faz no talho
Aponto sempre para o cabeçalho
E eu raramente falho
Faço carne picada meto tudo
Pra dentro de uma empada
Ofereço à tua amada
E ela ainda me diz que está apaixonada
Broca atrás de broca
Continuo com uma grande moca
Sou fotossensível mas continuo a ser um ser insensível
Já sabes qual é o meu combustível
Eu só fumo sour diesel
Não gosto de filmes da Marvel
Essa merda é detestável
Prefiro qualquer coisa que deixe a minha cabeça instável
Crespo nem é o meu nome
Sou um soldado sem uniforme
Sou a doença que te consome