Berrante de Ouro Fino
Numa tarde de janeiro
Tocando mil pantaneiro
Entramos em Ouro Fino
Me adiantei da boiada
Encostei numa calçada
Apeei da besta dourada
Entrei num bazar grã-fino
Chamei o negociante
Me dê depressa um berrante
Me entregou no mesmo instante
Fui pagando e fui saindo
Quando saímos na estrada
Deu estouro na boiada
Que tão bem ia seguindo
Dava tristeza de olhar
O gado triste a berrar
Os companheiro a gritar
E os cachorro latindo
E naquela triste hora
Só me veio na memória
A Virgem Nossa Senhora
Que protege os pequeninos
(E naquele mesmo instante
Vendo o perigo reinante
Eu me lembrei do berrante
Que comprei em Ouro Fino
Quando o berrante eu toquei
O som dele não escutei
Na minha frente avistei
Sob uma fumaça branca
A figura de um menino
Me falou muito assustado
Seu berrante está calado
É porque foi fabricado
Dos chifres de um boi assassino
E sobre o grande clarão
Aquela linda visão
Da imensidão foi sumindo)
Depois daquela visão
Recordei que naquele chão
Houve um triste desatino
Um garotinho trigueiro
Querido dos boiadeiro
Foi morto há muito janeiro
Nos chifres de um boi turino
Na encruzilhada do estradão
Eu jurei e fiz intenção
De nunca mais por a mão
No berrante assassino