Tarja Cravada

Sérgio Ricardo

Onde hoje é tarja preta
Lia-se frase otimista
E nela se acreditava
Do cético ao humanista
A ela todos se davam
Amor de primeira vista
Onde ontem era frase
Hoje é uma tarja na vista
Hoje é uma tarja na vista, é, é

Vivia como que solta
No firmamento estrelado
Em cada ponta de estrela
Letra por letra apagada
Hoje se vê cruz e vela
De tanta morte cravada
Vinte e um cruzeiros de velas
De tanta morte cravada
De tanta morte cravada, é, é

Sob um carimbo redondo
A luz de um losango dourado
Esmaeceu com o tempo
Na sorte do mau olhado
Em limbo se desfazendo
Já não se dá por achado
Sobre o losango um carimbo
De tanta morte cravada
De tanta morte cravada, é, é

A noite cobriu a mata
Apagando a natureza
Que por viver de harmonia
Sem verde e sem mais beleza
Perdeu a fisionomia
Nas rugas dessa tristeza
Nas rugas dessa tristeza
De tanta tarja cravada
De tanta tarja cravada, é, é
É!

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