Que Da Voz Te Nasçam Pombas

Pedro Abrunhosa

Dizem que o meu fado é triste
Mão vazia desencontrada
Triste adeus este que existe
No beijo que não pediste
Tua voz amortalhada

Coração parou de espanto
Por outrem despedaçado
Foi no cais onde me viste
Contra o chão de peito em riste
Dizem que é triste o meu fado
Dizem que é triste o meu fado

Que da tua voz te nasçam pombas
Cresça luz onde houver sombras
Pode ser alegre ou triste
O teu fado em mim resiste
Que da tua voz te nasçam pombas

Dizem que é triste o meu fado
Na distância do teu beijo
Na dor de um quatro fechado
Um quarto ainda lembrado
Do teu corpo que não vejo
Barco que levas meus ais
Num balanço de ternura
Olhos que não voltam mais
Meu fado para onde vais
Deixa em mim esta loucura
Deixa em mim esta loucura

Que da voz te nasçam pombas
Cresça luz onde houver sombras
Pode ser alegre ou triste
O teu fado em mim resiste
Que da voz te nasçam pombas
Do Amor nunca te esqueças
Cresça luz onde houver sombras
Pode ser alegre ou triste
O teu fado em mim resiste
Que da voz te nasçam pombas

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