Identidade de Campo

Anomar Danubio Vieira

Ergo meu campo e me acho
Muy gaucho qual martin fierro
E em qualquer lombo de cerro
Faço morada e me planto
Por rio grande me garanto
Sempre que alço as esporas
E largo assim campo afora
Toda a emoção deste canto

Canto de pampa e estância
Mais nova a cada manhã
Na “guela” de algum tarrão
Semeia a sina andarilha
É cheiro de maçanilha
Que brota xucra da terra
Posa e querência que berra
Num parador de coxilha

No entrevero de patas
Meu canto é doma e carreira
É rangido de porteira
No vai e vem das cruzadas
Que a alma da gauchada
Nos gestos da minha gente
Que vive e morre contente
Só por ser livre mais nada

Sempre que canto renasço
Volto as planuras de novo
Buscando origens de um povo
Que fez pátria de a cavalo
E que deixou de regalo
Pra nós herdeiros da história
Um torrão pleno de glória
E a identidade
E a identidade ao cantar

Canto de tropa estendida
Seiva de grama pisada
Pelos cascos da potrada
Que no varzedo retoça
Fruta que aos poucos se adoça
A cada noite de geada
É chuva forte guasqueada
Que nas estradas faz poça

Canto as coisas do meu povo
Suas crenças, tradições
Campo, mangueiras, galpões
Gineteadas e bochinchos
Berro de touros relinchos
Orquestrando as invernadas
Marcas de laço queimadas
Num tirador de capincho

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