Pelas Rugas

Fabrício Marques e Fábio Maciel / Raineri Spohr

O que apeia em pulperia
Percebe já na chegada
Que o tempo cruzou de fato
Bombeando a face judiada

Semblante rude, austero
Ouvindo sempre calado
Miles de causos e feitos
De quem golpeia oitavado

Tez morena já curtida
Por andar lejos no sol
Feito quem boleia a perna
Junto as luzes no arrebol

Pra beber a tarde calma
Que escorre pelo gargalo
E desencilha serena
Enquanto se põem a escutá-lo

Vai-se o tempo pelas rugas
No seu feitio de madeira
Sem fazer causo da morte
É a própria alma pulpera

Altar sagrado dos causos
Onde a vivência se topa
E ente debruça a história
Meu velho balcão de copa

Ritual que perfila a noite
Em cada trança contada
Pondo na forma tropilha
Embora muito encilhada

Sabe da vida e de todos
Mas por vaqueano não fala
Aprende mais que escuta
Ouve melhor quem se cala

Eterniza em cada marca
Que a ferro e fogo se veio
Cicatrizes e lembranças
De um bochincho mais feio

Já que olvidar não consegue
Silente segue aprendendo
Sem pretençoes de ser fierro
Pra ter memória esquecendo

Músicas más populares de Raineri Spohr

Otros artistas de Regional