Druantia

Sebastião Antunes

Traz os sinais da manhã e uma nuvem de segredos
No cabelo um mapa para eu me perder
Falou-me do clarear, deixei o canto dos medos
Ai de mim que me esqueci do amanhecer

Traz o voar das gaivotas e as marés por companhia
Disse ao sol que fosse tardando em chegar
Sabia ler o destino p´las venturas da magia
E entender os arvoredos no seu vagar

E a lua já deu a volta, já ninguém a vê sorrir
Mas Druantia sabe onde ela vai ficar
Deixou as marcas na areia, disse adeus e foi dormir
Deixou um recado às ondas para nos contar

Sabe os caminhos do fogo, sabe das falas da terra
Sabe histórias que o mar sempre lhe contou
Tem o calor de Novembro das fogueiras que há na serra
Tem os Maios que Beltan já renovou

E o sol espreitou de mansinho, fez de conta que não viu
Que na areia havia marcas de outro querer
E muito devagarinho, muito a medo lá subiu
Com o sorriso de quem vem para surpreender

E o tempo trouxe uma barca se calhar para nos levar
A um porto onde o sol se vai esconder
E a lua já deu a volta, muitas voltas há-de dar
Dizem que ela volta sempre para nos ver

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