Eólico Vapor

Faz-me esse favor
Antes de eu sumir como vapor, sumir como vapor

Aerogeradores perdidos no tempo
Movidos por paixões chamadas vento
Rodam sempre no mesmo lugar conforme ele sopra
Ora tão veloz, ora vagarosa
Nasce rosa, morre rosa, seca rosa

Enquanto ele empurra, eles giram
Sem ele tudo pausa
Muitos nem imaginam
Que enquanto as forças minam trevas dominam
Intermitente, mas sempre na função
De gerar corrente mais limpa e mais pura

Harmoniosa estética, energia elétrica
Caminho para a cura
Moinhos modernos
Essenciais em tempos austeros
Não sei se darão conta
De reverter o mau que já fizemos
Que esse ar que força minhas pazes expulse as energias más

Almas mais dóceis
Não se movem com combustíveis fósseis
Indústria petrolífera e sua velha retórica
Envenena nossos corpos e faz a vida mórbida
(Hélices) magnetizam turbinas
Que ascendem cidades que um dia serão ruínas
Subiremos como vapores em bueiros de esquinas

Antes que meus amores e minhas ilusões se desfaçam
Antes que minhas células sucumbam aos vírus que me ameaçam
Nesse mundo pandêmico lutarei para ter um espírito mais higiênico
Limparei minhas asas que também estão sujas de óleo
Estarei bem longe quando disputarem meu espólio
Deslizando em correntes de ar quente
Apagando memória por memória até ficarem inconsciente

Sopra o meu barco, me jogue pro meio do mar
Me faça navegar por águas onde nunca estive antes
Estufe minhas velas, movimente-me entre os oceanos
Antes que tudo fique caótico
Que correntes me ergam para um passeio eólico

Na penúltima noite, no meu último dia
Farei meu derradeiro sob voo pela Bahia, pela Bahia
Albatroz em travessia sem pressa
Mil anos e um dia ou vice-versa
Albatroz em travessia sem pressa
Mil anos e um dia ou vice-versa

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