O Carro e o Carreiro
Passando em frente ao museu
A cena que eu vi me chamou atenção
Vi um velho sentado
Enxugando as lágrimas com um lenço nas mãos
Parei em frente ao velho
E lhe perguntei qual era a razão
Ele me disse, rapaz
Fui capataz, carreiro no sertão
O velho me disse, seu moço
Vê se entende a minha situação
Venho aqui todo o dia
Para mim virou uma visão
Pegue esta foto velha
Dê uma volta pelo salão
Vai descobrir por si mesmo
Qual o motivo da minha razão
Saí pelo salão afora
Vi sem demora lá no saguão
O mesmo carretão da foto
Estava ali em exposição
Com as iniciais gravadas
Quase apagadas, carreiro Sebastião
Beijei o rosto do velho
Num gesto singelo apertei sua mão
O velhinho gaguejou
Sua história contou com satisfação
Com este carro de boi
Derramei suor desbravando o sertão
Senti os golpes profundos
Quando veio ao mundo a tal evolução
Ela me mandou pro asilo
Meu carro querido pra exposição
Ela me mandou pro asilo
Meu carro querido pra exposição