Mãezinha Querida
Mãezinha Querida
Quero deixar aqui, nestas poucas palavras que vou dizendo ao Deus dará da emoção, um grande abraço estremecido em soluços, e um beijo, mãezinha, um beijo muito molhado de lágrimas.
Sinto que esta é à hora de ficar alegre... E nem sei como nem porque esta palavra "lagrima" tombou de meus olhos para os meus lábios. Como lhe devo e quanto, minha mãe...
Devo-lhe tudo, a começar pela vida.
Por muitos e muitos meses vivi no seu seio, aquecido ao calor de seu coração e meu sangue era o seu sangue! Alimentei-me do seu pão de cada dia que era o meu pão também! E o ar que você respirava é que conduzia oxigênio e vida ao inconsciente e tranqüilo explorador de sua vitalidade que era eu.
Quando nasci, ficamos ainda por alguns instantes ligados um ao outro. E foi quando mão
estranha nos separará, cortando, partindo o ultimo liame que fazia de nossas vidas uma vida.
Creio que os recém-nascidos choram porque sentem a magoa desta separação. Mas nem por isso nos afastamos um do outro. Seu sangue generoso se transmudou na brancura do leite e eu continuei vivendo dele e de você, mãezinha.
E vieram depois as noites de vigília e os dias de angustia em que você aplicava sobre minha fronte os lábios temerosos de encontrar a ameaça da morte no sintoma da febre.
Mais tarde, aprendi com você as primeiras palavras e a rezar a primeira oração balbuciada.
Nossa grande separação aconteceu quando você me vestiu a roupinha nova de colegial e cruzou sobre meu peito, com emocionado carinho, a correia da malinha dos livros escolares... (Lembra-se?)
Eu ia enfrentar o mundo, com lágrimas nos olhos porque, pela primeira vez, estava sozinho. Sem você, longe de você... longe da senhora, mãezinha.
Mas sua imagem, sua voz, a larga sombra protetora de suas asas de anjo tutelar, seguiram comigo e te hoje me acompanham pela vida em fora.
Como e quanto lhe devo minha mãe...
Homens! Que somos nós diante da simplicidade grandiosa e divina das mulheres mães!?
Creio que nós, homens, só não somos completamente maus porque nascemos todos de um ventre de mulher. E é você, mãezinha, é a senhora, essa mulher que festejamos hoje e que adoramos sempre.
É você... é a Senhora... Não sei que tratamento lhe dar.
Creio que seria justo, creio que não ofenderia, nem de leve, a doce Mãe de Jesus, se eu lhe falasse agora rezando baixinho:
- Minha mãe! Bendita sois vós entre as mulheres!...
Paulo Roberto