Balaio (part. Rubel, Pedro Blanco)
O ciclo
É a bola conduzida no pé do menino
É perceber que o rei não está na nossa barriga
Mas só na culpa de nossa fome
É o lembrete que somos juntos pólvora
Que o mundo não gira só no nosso umbigo
É a fé na fera
Na coragem de mãe defendendo a cria
No diâmetro do balaio cheio
Fazendo a feira
Pra festa e pra farra
É a mesa farta
Infartando a miséria
E ainda que proíbam esperancice
Passei a imitar um Redentor de sete anos ao andar de bicicleta
Jogando sorriso na banguela
Descendo a ladeira da preguiça
E ainda que se comemorem corpos tombados
Hei de achar mais rainha o ventre que abriga a vida
E ainda que ateiem fogo no pão e do circo restem migalhas
Desafio
Quem tocar meu pulso
E fechando os olhos
Não se confundir com o Maracanã lotado em dia de final
Com as ladeiras de Olinda em pleno carnaval
Lembre-se
Seu corpo, tua anarquia
Seu espírito, um ato político
Lembre-se
Não existe fim, apenas novos começos
Não existe tropeço, quando se alça voo
Vem
Esfera
É nossa pupila
Travestida de Lua