Luz Valenciana

Jorge Simas / Paulo César Feital

Dizem que Deus,
Cansado do Divino Ofício,
Redigiu um armistício
Deu um tempo à Satanás,
Vestiu-se de jardineiro,
Um velho bem brasileiro
Pra ter dois dias de paz.

Vasculhou a criação,
Com pá e ancinho na mão,
Despiu-se da onipresença,
Sentou-se numa nuvem imensa
De repente, achou enfim,
Um lugar pro seu jardim:
A cidade de Valença!

E como o Senhor é o Deus,
E Deus é surpreendente,
Resolveu criar pra Ele,
Um jardim bem diferente:
Plantou notas musicais,
Alguns bemóis,sustenidos
Ao invés de plantar sementes.
Um dó, um ré, um mi, um fá...
E o chão Ele orvalhou
Ao som de um choro dolente
no centro do jardim
Deus, estranhamente, plantou
Uma só roseira,
Que tão delicadamente
Concebeu uma só Rosa:
Uma Rosa violeira!!
E o som vindo da flor,
Tocou, enquanto tocou,
Toda a nação brasileira.

Um dia ela adormeceu
E nunca mais despertou,
E dizem que Deus voltou,
Vestiu-se de onipresença,
E todo dia Ele chora,
Todo dia a mesma hora,
Sentado na nuvem imensa.
Quem sabe cantando agora,
Não possamos emanar
Um canto prá despertar
Nossa Rosinha de Valença!

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