Afundando o Chão
Um dedo de prosa, um pala no gancho
E entro num rancho de barroa e capim
No cabo da dança arrasto as chilenas
E trago a morena pra junto de mim
E a china faceira beirando os quarenta
Me soca e me atenta com seu rebolado
Procuro um espaço pra fazer um floreio
Aperto no meio e afrouxo dos lado
Requebra pra lá, requebra pra cá
É corpo com corpo, no xaraxaxá
Requebra pra lá, requebra pra cá
Que o mundo se acaba e hoje eu quero é dançar
Que me vê lidando no porte da enxada
Não imaginava que sou bom no pé
O lombo pesado se vira num gato sentindo
O extrato de alguma mulher
Na sombra matreira que vem dos barrotes
Fungando o cangote, esquecida do povo
A prenda crinuda me deixa num caco
Ajeito o casaco e se bamo de novo
Requebra pra lá, requebra pra cá...
Na volta da sala gasto a ferradura
Cerveja e fritura mechamam pra mesa
Sentado eu bombeio me povo matuto
Que num baile xucro espanta a tristeza
Fandango crioulo, fandango gaúcho
Festejo sem luxo da mescla charrua
O jogo de fole comanda a candência
E toda querência se embala com a lua
Requebra pra lá, requebra pra cá...