O Catireiro
Eu nasci para ser violeiro
Pra ser catireiro eu tive este dom
Catireiro já foi o meu pai
Eu também vou atrás seguindo a tradição
Minha viola chora sentida
É sempre aplaudida minha inspiração
Eu encosto no peito a viola
Meus versos consola qualquer coração
Com a viola debaixo do braço
Por aonde eu passo lá no meu sertão
As morenas já sai no terreiro
Só pra ver o violeiro que vai na função
Eu repico a viola na sala
E o povo já fala, que violeiro bão
Eu não gosto de mostrar defeito
Com a viola no peito desfaço a paixão
Já levei nome de vagabundo
Por correr o mundo com a viola na mão
Mas nas festas que sou convidado
Eu não sou arrogado, é minha inclinação
Tenho amigo e ninguém me odeia
E o povo anseia pra ver o campeão
Mas eu sei respeitar a doutrina
Porque ela ensina o dever de um cristão
Os ponteados que faço na viola
Não aprendi na escola e nem tive lição
O que é bom já nasce feito
Eu sei usar respeito na profissão
Os meus versos escritos na rima
O povo ensina e chama atenção
Quem não pode praticar o bem
Nem o mal também porque somos irmãos