Triste Destino de Um Peão
Eu sentei na soleira da porta
E dali fiquei observando
Meu avô na cadeira de rodas
Por ali estava passeando
Que pediu seu chicote de couro
Sem demora fui lhe entregando
Já contando cem anos de vida
Não podendo mais com a lida
Sua memória já está falhando
Chicoteava aquela cadeira
Sem poder pôr os seus pés no chão
Parecia que ele domava
Nessa hora um potro redomão
E gritava chamando a peonada
E acenava com o chapéu na mão
Sua voz quase nem saía
Na verdade o que ele dizia
Solta a boiada pro estradão
Assim foi o seu tempo de glória
Sua casa era os galpões da estrada
Campeão no manejo do gado
Não deixava um boi de arribada
Nunca teve um traquejo na lida
E no prazo entregava a boiada
Foi assim sua vida inteira
Sua tropa era de cabeceira
Que por ele mesmo era domada
Vive numa cadeira de rodas
Foi o tempo que ele domou
Suas forças ficou no passado
A saudade foi o que restou
Só lembrança do tempo de outrora
Desse peão que tanto lutou
Os seus dias já estão marcados
Seu destino já está traçado
Feito um boi que vai pro matador