Voz do Dever
Tranquiliza-te, mãezinha
Sei que vais ficar sozinha
Porém não chores assim
Soaram os clarins da guerra
Vou defender minha terra
Ela precisa de mim
Orgulhoso nesta farda
Teu filho não se acovarda
Deste tremendo clamor
Já que partir é preciso
Transforma num doce sorriso
Esse teu pranto de dor
Eu parto com a incerteza
Deixando-te esta tristeza
Que te vem roubar a calma
Sei que esta separação
Revolve o seu coração
Despedaçando-te a alma
Leio em teus olhos, mãezinha
Que o teu olhar adivinha
O que dizem os olhos meus
Esta mágoa não te solta
Mas aguarda a minha volta
Muita coragem, adeus
(Fala a mãezinha)
E pro campo da luta vai-se embora
Em holocausto à Pátria que ele adora
O filho que o dever cumpre estrito
É lá que, entre o canhão e entre a metralha
O sarcasmo da morte mais gargalha
No negro céu da boca do infinito
E o exército humano, exausto, exangue
Vai lavando com as glórias o teu sangue
Do mundo, essa pantera que o destrói
E o filho que partiu, se não voltar a quem o espera
Em troca hão de lhe dar uma palavra de consolo: Herói
Leio em teus olhos, mãezinha
Que o teu olhar advinha
O que dizem os olhos meus
Esta mágoa não te solta
Mas aguarda a minha volta
Muita coragem, adeus