Noite de Garoa
Inverno, noite escura de garoa
Pelas ruas desertas da cidade
Segue comigo, passo a passo à toa
A sombra errante e triste
Da saudade
E enquanto que as lembranças
Do passado, me vem aos poucos
Povoar a mente, meu coração
Saudoso e amargurado!
Soluça em tom baixinho
E tristemente
Por que soluças tanto coração?
Não vê que está traçado
A minha névoa?
Deixa que eu sofra
Com resignação
Do próprio mal de
Ter nascido poeta
Pois, se na vida
Há um bem que não se alcança
Deixa que eu assim, feliz, morrei
Cheio de fé, de amor e esperança!
Em busca desta glória que sonhei
Inverno, noite de garoa, neve
Minha alma, irmã
Das almas vagabundas!
Relembro teu amor que foi
Tão breve, mas, que deixou
Raízes tão profundas!
Por isso, minha vida
É um mar viçoso
Volta, não vivas mais
Tão longe assim!
A tua imagem, mora nos meus olhos
E tu, talvez, não lembras
Mais de mim