Correspondente de Guerra
A uns meses atrás tudo
Mudou pra mim, viajei de anápolis até
O heliópolis numa honda dream
Uma longa viagem com a cara e com a coragem nada na bagagem
A prima dolores já morava no lugar
Casada com ernesto avellar
Com quem fui trabalhar num bar, ham
Onde aprendi os cálculos e enxergar maldade bem de longe sem binóculos
O bote era um cubículo, pessoas tinham vínculos
Malacos e trabalhadores em um mesmo círculo
Certa noite o quintino bate o alarme
Que os zome tão na área e prenderam seu veiculo
O pavor no ar desencadeou
Pois o aviso foi tarde
Hoje o orixá me pressagiou
Vai haver tempestade
Muitas outras guerras eclodirão
A minha volta mil cairão
Isto que você testemunhará
A televisão não transmitirá
Invadiram lá, e tudo eu assisti
Logo de camarote o show de horrores, tinha o ticket
Dos zome da lei eu tive que sumir
O choque chegou na machada e porrada vai distribuir
Em proteção no colo de uma meretriz
Uma criança que o catarro escorre do nariz
Levou uma bala de borracha bem no bíceps
Foram os porcos que usam fardas e são bípedes
Uma senhora perambula
E o sangue que escorria em sua mão, coagula
Os milicos fazem corredor polonês
E logo a banca dos malaco foi a bola da vez
Nessa hora eu oro que pare, Deus
E desse mal nos separe
Nessa hora eu oro que pare, Deus
Seus filhos não desampare
Tô numa fria e sinto taquicardia
Eu vejo labaredas na varanda da quitanda do
Quintino
Os milicos no massacre mastigam
E eu posso ver o sangue escorrendo do canino de um suíno
É o capitão funesto, em ação
Um safanão e o seu ernesto, vai ao chão
Prima dolores revoltada, vai
Leva um soco e logo desmaiada, cai
A visão arrepia, tô anestesiado
Eu tive um devaneio, me sinto agigantado
Meu povo libertado, agora imaginei
Mas eu fui alvejado, acordado sonhei
Grudado no meu braço havia um estilhaço
Que era feito aço, um torniquete faço
Só peço a Deus pra me resguardar
Recobro as forças e vou lutar