Milonga da Chuva
Uma nuvem preguiçosa
Lá nos campos do infinito
Manda a beleza no pranto
deixando o pago bonito
A prece que vem de riba
Na toada das goteiras
Lembra o canto do Aguaí
Das carretas choradeiras
A sete cores do íris
De belíssimo esplendor
É poncho folhado a ouro
De Cristo Nosso Senhor
As prendas das rancherias
Anunciam noite boas
E as luzes dos pirilampos
Velam restos de garoa
A lua surge tão triste
Qual faceira rapariga
No seu vestido bordado
Com rimas de prata antiga
A chuva que chorou triste
Tamborilando no chão
É o canto que o peito canta
Na lira do coração
Cantamos que a vida passa
Como chuva de verão.