O Amazonês
Espia maninho
Eu sou dessas paragens
Das 'banda' de cima
Do lado de cá
Eu não sou leso
Nem tico bodó
Mas boto no toco
Se tu me 'triscá' (marrapá)
Eu não vim no guaramiranga
Sou moleque doido não venha 'frescá'
Pegue logo o beco e saia vazando
Senão numa tapa tu vai 'emborcá'
Me criei na beira ali pelo 'ródo'
Eu me embiocava lá pelos 'motô'
Mamãe me ralhava e eu nas 'carrera', zimpado
Era galho de cuia, lambada e o escambal
Saía vazado pro bodozal, menino vai se 'assiá'
Tira a tuíra do 'côro', que agora é dos vera
Vou te malinar.
Sou amazônes, não nado com boto, nem chupo 'piqui'
Sou do mesmo saco da farinha
Aquela da ovinha ali do uarini
Sou amazônes, num é 'fuleragi'
Eu sou bem dali e dou de 'cum força' na farinha
E sou 'inxirido até o tucupi.
Eu era escarrado e cuspido uma osga
Mas meu apelido era carapanã
Muito apresentado, passando na casca do alho
Era chato no balde, um cuirão pitiú
Mais 'intojado' que 'dismintidura'
Numa gabolice pai d'égua que só, pois num é?!
Man eu era chibata, parente, de rocha
Era o rei do 'migué'
(sou amazonês...)
Na ilharga das balsas
Brincava de pira
E ali de 'bubuia', ficava até 'ingilhá'
Mangava 'dusôtro' na esculhambação
E na hora da broca mandava dindin com kikão
Era bom 'qui só'
Eu pegava um boi, que era massa demais
Égua 'su mano', eu cresci à pulso
E hoje vivo dos bicos na rampa dos cais
(sou amazonês...)