Queimar Pontes

Nerve

Daqui para a frente, é só queimar pontes.

Antes do concerto, encontra-me entre o público, na fila da frente, a gritar “esse merdas nunca mais chega”. Eu vim ao mundo de olhos abertos e já com a noção do espaço. Contemplei a luz a abrir como se a película do filme queimasse. Não sei se estou a ser claro. Cuidado, pêgas, que o homem está de volta para converter umas freiras, trocar umas ideias, coleccionar escalpes, pilhar umas aldeias. Senhor feudal que veio pra desflorar a noiva alheia. – qual mortal assim paleia? – só aquele gajo do verso de ferro e plástico. Sempre muito no domínio do fantástico. Senhor acídico, cínico. Admita-se, um boémio crítico. Não brinquem. Um dia, ainda vai correr mal, como um paralímpico. Agora é tarde demais. Não sei como voltar a casa. Perdi o rasto das minhas pegadas quando ganhei asas. Acontece. A precisar de café, mas só bebo quando chegar a casa. Cá fora, consigo sentir o hálito da pessoa anterior na chávena. A meio de uma frase, paro, numa de: Espera aí, eu estou-me a pintar uma besta. Não tarda, estou a cortar a minha orelha esquerda. A oferecê-la, como uma prenda natalícia de uma lenda viva. Podia morrer agora, que não aparecia nas notícias.

Gostaria de mandar um grande, grande beijo à indústria, por me ajudar a filtrar horizontes. Daqui para a frente, é só queimar pontes.

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