Samba de Fundamento

Vestiu o meu terno de linho e ficou feito um morto
Calçou meu pisante branquinho e sentiu desconforto
Botou na cabeça o chapéu assim feito uma flor
Pegou meu pandeiro e bateu com mais ódio que amor

E aí foi catando cavaco em fundos de quintais
Arfando, como quem viola templos virginais
E como era sambista só porque Seu Rei mandou
Vibrou minha sétima corda e nela se enforcou

O samba vem de muito longe
De antes da Praça Onze
De emoções ancestrais
Candeia por sinal já dizia
Que ele é filosofia
Não é moda fugaz

O samba é uma coisa de dentro
Tem os seus fundamentos
Os seus rituais
E a gente só penetra essa seita
E em seu colo se deita
Quando sabe o que faz

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