Coleira na Amargura

Eu demorei pra entender
Amor não é capaz de se travestir de nada
Amor nunca teve nada a ver com veneno
Não se parece com algo que não com ele próprio
Não existe algo no mundo que seja mais bélico

Amor não é capaz de se travestir de nada
Amor nunca teve nada a ver com veneno
Não se parece com algo que não com ele próprio
Não existe outro no mundo

Ainda ontem pus coleira na amargura
Com a postura de quem diz
""Hoje te ponho pra passear""

Já não me toca, se a tristeza bate a porta
Desde cedo a mãe me diz
""Vê lá quem vai te visitar!""

Mais vale se render
Que viver sem amor

Ciente de todo juízo de que
É preciso ter o fracasso também como professor

Ainda ontem matei o medo de fome
Há um tempo avisava
""Tua batata vai esquentar!""

Antes a janela do mundo era TV ligada
Abraço na melancolia
E paranóia pra flertar

Pra nunca mais se ver
Pelo retrovisor

Um aviso pra agonia:
""Tua hora vai chegar!""

A confusão já me cegou
Tanta inquilina da dor
A compensação da morte
É o amor

É vida... É sol, é água e sal
No mais, é natural
E eu vou dizer...
Gritarei pelos cantos que vinga
Amar feito um trovão
Que abala a embarcação
E dispara o ar

Esse é um lembrete pra não esquecer que amor não machuca
Que quando tem, a gente vê de longe
Quando não tem, fede
Tá no pastel da vovó, mermo que tenha jiló
Na tatuagem no braço da Nath ainda guia
Nas receita da mamãe, no meu pai com pandeiro na mão
No meu irmão gritando
EU ESPEREI 38 ANOS POR ESSE TÍTULO
tendo 19

Quem tem sangue ferve
Causa
Simples como caneta na lousa
Salva

Flecha do cupido
Rosto afogado nos cachos

Elegância no trato
Capitães de Jorge Amado

Força bruta do desejo
Cem Sonetos de Neruda
Radical sem perder o amor de vista

Protetor dos indefesos
Benção do Galho de arruda
Cala a morte e só o amor quem diz

É
Vida... É sol, é água e sal
No mais, é natural
E eu vou dizer...
Gritarei pelos cantos que vinga
Amar feito um trovão
Que abala a embarcação
E dispara o ar

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