Sangue, Suor & Melanina

Juliana Floriano, Nando Goulart

Nesse hospital que você me tratou mal
Hoje você nega a minha negra prescrição
Nesse colégio você me tirou da classe riu do meu cabelo zombou da minha face
Veja como é a imensa contradição hoje sou eu que lhe provê educação
Esse corpo mulato que você desfruta quando é carnaval, mas nunca no domingo atado na branca seita de natal

Saiba que todo horizonte até onde alcança a vista e de puro sangue, suor, melanina

Está na cara a sua inveja colonial de todos os meus feitos apesar do seu canavial
E agora você quer tirar tudo aquilo que tenho, mas xangô não perdoará os seus erros
não perdoará os seus erros

Há pouco tempo se dizia descaradamente que o meu cabelo era diferente
Se dizia descaradamente que o meu cabelo era diferente
Só porque não entrava um pente eu era diferente
Se dizia descaradamente que o meu cabelo era diferente
Quem é café com leite escurinha pouco clara queimadinha queimada de sol
Crioula meio negra meio índia afrodescendente terracota pretinha roxa banhada na melanina
Mestiça baianinha caboclo homem de cor
Morena bem chegada branquela bem melada me diz qual é a tua cor
Você tem cor, eu tenho cor, você tem cor, não creio em cor
Mas Xangô não perdoará...
Mas Xangô não perdoará...
Mas Xangô não perdoará...

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