Que Fazer

Manuel Siqueira, Pedro Zuzarte

Mas que fazer, que fazer?
Suja a mão e sai do chão,
Usa a tua imaginação!
Mas que fazer, que fazer?
Suja a mão e sai do chão,
Usa a tua imaginação!

Procrastinei no meu dever,
Estou a adiar aquilo que vou ser.
Não tenho ódio ao prazer,
Sou um escravo ocioso do lazer.

Mas que fazer, que fazer?
Suja a mão e sai do chão,
Usa a tua imaginação!
Mas que fazer, que fazer?
Suja a mão e sai do chão,
Usa a tua imaginação!

Não praticas nem metade do que prometes no dobro do tempo que dizes que fazes.
No lento ritmo das cinco às sete divagas num sol que te consome inteiro
Por dentro de paredes, por dentro de pensamentos, dentro dos corpos, fora das mentes.
Ah liberta-me da carne que me aprisiona neste mundo, que não sabe o que faço,
(a fúria que sinto)
Liberta-me do podre que é ser humano e conduz-me à glória eterna que jaz nos palcos,
Nos holofotes, nas pessoas e na Música, mas acima de tudo:
Dá-me paz.

(Pára p'ra ver quem te olha assim: com estima de quem é bem acima dos teus padrões)

Porque é pureza nesta vida a génese da expressão, marcada por palavras, ritmos e traços de emoção
E enquanto os anos passam e os sonhos se afogam debaixo de uma tonelada de pressão
Sobressaem momentos fugazes que te permitem voar brevemente rumo à libertação
Ah machado que sobe e quando desce corta a árvore do meu ser
Juízo que foge e se esconde a cada grito afónico que ecoa em busca do prazer

É forte a fome e a sede de viver
A vida que passa e não se repete
Para ser vivida uma primeira vez

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