Fado Do-Diz-Que-Disse
Diz-se no diz-que-disse
Que alguém por malícia aliciara Alice
Que disse o que disse lá no PBX
Talvez por deslize, o que é facto é que diz-se
Que um tal de Renato foi caço no acto
No ano transacto no escuro recato do economato
Com a sonsa da Sónia que só não desdiz
O que ali se diz porque sabe que Alice
Disse o que disse em sigilo
Mas se ela se estica, ali o Virgílio
Da vídeo-vigilância à distância de um clique
Partilha os vestígios daquele delito
E era o dito pelo não dito
E é assim que por aqui
Se vai andando de amores
Pelos corredores e cantina afora
Agora imagina
Agora imagina lá fora
E contam que Aurora do contencioso
Contém a ira de dentro para fora
E não vê a hora de Irene ir embora
Irene que ri e se roça no Rui
Que se rói pela Rute que nutre um afecto
Não muito discreto por esse Gustavo
O tal que gostava de Lara que ensimesmara ao amar Baltazar
Que só por azar suspira por Segismundo
Que num segundo trocava o mundo
Pela Blimunda essa imunda que emana
Um fel que é tal que é fatal
Ao correcto e contrito e escorreito
Funcionamento de um departamento
De empresa séria, a sério o que não é que eu queira saber do rapaz
Garanto que nem sei que é o rapaz
E, fica aqui dito, nem acho bonito
E é assim que por aqui
Se vai andando de amores
Pelos corredores e cantina afora
Agora imagina
Agora imagina lá fora
E não digas que eu disse mas juro que a Alice
Me disse o que disse, não digas, que é chato, sei lá se é boato
Se bem que é um facto que é o que dizem
Não digas que eu disse, não digas que ouviste, não digas, ouviste, que veio daqui
E que eu aliciara ali a Alice lá do PBX
Que disse e está dito, se não eu desdigo
E havia de ser bonito
E é assim que por aqui
Se vai andando de amores
Pelos corredores e cantina afora
Agora imagina
Agora imagina lá fora
E é assim que por aqui
Se vai andando de amores
Pelos corredores e cantina afora
Agora imagina
Agora imagina lá fora