Subentendido

Se eu disse coisa com coisa
Fica aqui subentendido que eu não soube dizer.
Pois o que me deixa prosa
É essa coisa fabulosa de se desentender.


Ao dizer coisa com coisa
A gente cava a cova rasa do mistério de ser.
Onde a coerência pousa
Nada brota em volta ou nasce um pé de "como-porque?".


Acreditei nessa conversa mole
Que era preciso tudo explicitar.
E quase o sonho todo me escapole
E o algo a mais que impele à frente se desfez no ar.


Hoje é que entendo que o rascunho escolhe
E no desvão do redemunho o sonho surge gole a gole
E nessa hora santa enganadora
Quanto mais eu me emaranho, mais olho de fora.


Não quero cuspir no prato
Mas do tal fato, do concreto,
Do correto
Eu corro até desmaiar!

Músicas más populares de Mauro Aguiar

Otros artistas de Samba