O Menino da Arena

Marco Brasil

Alo meu povo
Eu narrava um rodeio, era o primeiro dia
Era tudo animação, naquela festa do peão
Do povo eu só via alegria
Prepara uma montada, estava muito demorada a saída do peão
Olhei no cantinho da arena, vi uma figura pequena
Que pra mim estendia a mão
Notei que era um m enino, que com seu bracinho franzinho
Me acenava um papel, a criança
Escreve aqui seu nome agora, para quando você for embora
Eu ter comigo uma lembrança
Fiquei muito comovido e atendi seu pedido com muita satisfação
Vi seus olhinhos brilhando, ele agradeceu soluçando,
apertando a minha mão
Mas me disse com firmeza: Marco brasil, com certeza,
um dia vou ser peão
e la estava todos os dias, vibrando com as montarias
no mesmo lugar o menino
eu vi sua figura serena, encostadinho na arena,
olhando pra mim e sorrindo
Então, no último dia, no qual eu me despedia
Fui até onde ele estava, eu senti que ele esperava
Sorrindo e muito contente
Então lhe dei um cordão, com a medalha de São Sebastiao
Para que guardasse de presente
E então passaram-se os anos e eu pela vida narrando
Viajando daqui pra ali, do rosto do menininho
Na arena encostadinho, jamais daquilo esqueci
Então, em uma final, estavam vaqueiro e animal
Prontos para saírem do brete.
Apesar de não estar frio, eu senti um arrepio
Quando olhei pro ginete
Foi uma grande montada, o povo na arquibancada,
de pé aplaudia o peão
a cada pulo do touro, voava a calça de couro
em meio a poeira do chão
este boi entrou na roda e a espora que incomoda
batia com ela o valente
foi tudo questão de momento, pois já tinha dado o tempo
o boi puxou ele pra frente
me lembro bem como foi, caiu embaixo do boi e ali foi pisoteado
o salva vidas esperto, tirou logo o boi de perto
mas o amigo peão ficou deitado
estava estirado no solo, pus sua cabeça em meu colo
imaginando era o fim
ah, mas foi um milagre divino, reconheci o menino
que então sorriu para mim
tirou do bolso do lado, um papel amarelado
meu nome eu reconheci
Revivi aquela cena, do menino encostado na arena
que eu reencontrei ali
levanto meio sem jeito, abriu a camisa no peito e
me mostrou o cordão
foi seu presente amigo, que me livrou do perigo
é o meu São Sebastião

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