Pedro Só

Fernando Assis Pacheco

Passaram anos e anos
sobre esta roda da vida,
farinha que foi moída,
vai-se a ver, são desenganos

Atou-me a sorte este nó,
cobriu-me com estes panos.
Ao peso dos meus enganos
sai a farinha da mó.

Na palma da mão estendida
leio um caminho de pó
lembranças do homem só
São as andanças da vida

Foram dias, foram anos,
foi uma sorte moída,
vida que tenho vivida,
(vai-se a ver são desenganos)[bis]

Foram dias, foram anos,
for a sorte apodrecida.
Dentro da roda da vida
sinto roer os fusanos

Lembranças da minha vida
perdem-se em nuvens de pó.
Bem me chamam Pedro Só,
(nome de roda partida)[bis]

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