Destino da Gente
Minha mãe tava de pança
E era eu que tava dentro
Um dia saí do centro pela janela de baixo
Foi logo mostrando o cacho
Por isso que a parteira
Já berrou de goela inteira
Bororé tem outro macho
A voz de dona percília
De mão buena para o parto
Rompeu as grimpas do quarto
Como num toque de sino
E eu recém abrindo tino
De meu pai ouvi na hora
Que o mundo que impeça agora
Seja bom pra o meu menino
Me agararam pelas pernas
E me deram um tapa no lombo
É pra não ficar calombo
E o espinhaço não dobre
Só mais tarde se descobre
No dia de não sei quando
Que já começa apanhando
Quem nasceu para ser pobre
Muita coisa aprendi
Mais na vida que no estudo
E se não conheço tudo
Hoje sei o suficiente
Toco a vida pela frente
Rompendo cercas e taipas
Abrindo e fechando a gaita
Como o destino da gente
Como o destino da gente
Abrindo e fechando a gaita
Rompendo cercas e taipa
Toco a vida pela frente