Madame satã

"Não fui eu!"


Reza a lenda que Madame Satã foi acusado, segundo ele,
injustamente - injustamente! - de ter dado um tiro num
outro malandro.
E a história que ele conta é mais ou menos assim:


Seu delegado sou um pé rapado
Que que eu acordo cedo?
Não sou culpado
Não me aponte o dedo
Tô escolado em fugir da linha
- Agulha aqui não perde a linha -
O tal safado tava embrigado, arrotando azedo
Desaforado, me mandou torpedo
Foi reprovado em teste da farinha
- Bem informado, almofadinha -
Fiquei mordido
Mas como sou precavido fui bem educado
Já fui punido por outro babado
Tava fichado
Quis ficar na minha
Tava jogando uma purrinha*
O estampido estalou no meu ouvido
Até gritei "cuidado!"
Caiu ferido esse pobre coitado
Mal perfurado bem na carapinha
Tava passando a patrulinha


Samba que mexe com bamba macho pra caramba
Que mexer com bamba é mexer com muamba
Se mela se lamba
Não fala, não samba
Falou vai sambar


Muito tempo depois, numa entrevista, Madame Satã foi
questionado:
- E aí Madame, tu mataste ou não mataste o tal
sujeito?
- Que isso... a pistola disparou sozinha.
- Queres me dizer, então, que quem matou foi... a
bala?
- Não não não não... a bala abriu o buraco. Quem
matou... foi Deus.


Eu reconheço que a pistola é minha
Só que a danada disparou sozinha
Mas não foi ela quem matou, nem eu
Quem rebocou esse malandro foi Deus


Samba que mexe com bamba macho pra caramba
Que mexer com bamba é mexer com muamba
Se mela se lamba
Não fala não samba
Falou vai sambar
Falou vai sambar
Vai sambar
Vai sambar

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