Sangue de Matuto

Aislan

Saí da roça, na cidade vim pra estudar
Quis minha vida mudar, estava cheio de planos
Me deparei com coisas tão diferentes
Novo mundo, nova gente, vitórias e desenganos

Foi colocando meu anel de formatura
Que senti a desventura, pois não estava feliz
Fui perceber que tudo que conquistei
Com o meu passado troquei minha origem e minha raiz

Lembro meu pai bem cedo indo pra roça
Punha o burro na carroça e saía assobiando
Iam com ele o Cassino e o Rajado
Seus cachorros afamados, amigos de tantos anos

Vi a mamãe queimar sabugo de milho
Toda a roupa da família passava com ferro à brasa
E as rasgadas colocava em um bancão
Com a maquininha de mão uma a uma remendava

Em minha casa eu tenho quase de tudo
Mas meu sangue de matuto agita meu coração
Tenho saudade das coisas boas demais
Que não voltará jamais, ficando a recordação

Neste lugar eu não tenho liberdade
Vou deixar essa cidade e voltar morar na roça
Lá encontrarei a paz que eu sempre quis
Então eu serei feliz ao lado da gente nossa

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