Olhos De Luar (part. César Menotti e Fabiano)

Tião era um mulato forte alegre e destemido
Nasceu do amor feito na terra em meio à plantação
Pegava no cabo da enxada e campeava o gado
Tristeza era coisa que não se via do seu lado

Depois da roça ia pra venda um copo de cachaça
Cantava tocava viola e fazia graça
O peito largo o riso claro amigo dos amigos
Não tinha medo de ninguém zombava dos perigos

Um dia ele sentiu no rosto
Os olhos de luar da filha do patrão
E um doce amargo alegre e triste entrou no coração
Tião não era mais o mesmo
Depois que sentiu o brilho desse olhar
Sentiu pela primeira vez vontade de chorar

Mas o feitiço do olhar entrou feito veneno
O olhar da filha do patrão no seu corpo moreno
Ah! Esse olhar tinha mais luz que o sol do meio-dia
A tentação era mais forte ele não resistia

Um dia ela chegou mais perto um raio de esperança
Um homem quando ama fica assim meio criança
E ele então falou de tudo aquilo que sentia
Pediu desculpas por amar assim quem não devia

E uma lágrima rolou dos olhos de luar da filha do patrão
Seu rosto branco avermelhou na força da paixão
Então o céu chegou na terra
Quando o amor existe fica tudo igual
E o amor aconteceu no meio do canavial

Mas o orgulho do patrão ainda era mais forte
A honra se lava com sangue uma jura de morte
O fruto desse amor não pode ver a luz do dia
À noite o som de um tiro e um corpo cai na terra fria

Mas tudo que aqui se faz aqui também se paga
A mancha do sangue na terra nunca mais se apaga
Por sete anos nada mais nasceu naquele chão
E a noite escureceu de vez os olhos do patrão

Mas quando é noite de luar
Tem gente que já viu em meio à plantação
Um negro levando um menino louro pela mão
Os dois correndo pelo campo
Vão deixando um rastro de luz sem igual
Um rastro de um amor no meio do canavial

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